Les Feuillets de corde arrivent bientôt au N° 7 avec présentation le dimanche 23 septembre dès 16h30 à la Librairie 100 Papiers (23 avenue Luis Bertrand 1030 Schaerbeek) de « Le sport m’a tuer » de Jean-Claude Legros (écrivain, alpiniste, jardinier,…A publié récemment, « La montagne à mots choisis » chez Glénat et prépare un nouveau manuscrit pour la collection Je …Sortie pour la Foire du Livre 2013) avec Jean Coulon à la gravure…(fantastique univers narratif, poétique et si maîtrisé du « maître des miniatures »). Vous pouvez déjà bloquercette date…Une rentrée en formes grâce aux Feuillets de corde -:) Verre de l’amitié offert et gâteries éditoriales…
En attendant vous pouvez toujours visiter les anciens numéros, les commander ou les commenter sur
http://www.traverse.be/feuillets-de-corde.php
et vous balader dans les films et photos issus des Rencontres de lancements des Feuillets…
http://feuilletsdecorde.unblog.fr/
Enfin, last but not least, la traduction par l’ami Hélder Wasterlain en portugais des « Enfants chiants » et de l’Edition du premier numéro des Feuillets…
Traduction qui vient de m’arriver du Portugal.
Hélder Wasterlain est un artiste portugais rencontré là et qui vit aujourd’hui ici…Merci Helder!

Les enfants chiants / As crianças chatas
As crianças terríveis
Ajudam-nos a esquecer
As crianças chatas.
Não duvidem, eu fui uma,
Não duvidem, vocês também o foram,
Dessas crianças invencíveis
Que nós éramos e que continuaremos a ser
Uns empecilhos na mixórdia espérmica,
Entre óvulos tristonhos
E amores pick-nick
Fizemos o nosso nobre destino,
Putos pobres e putos chochos,
Mas o tempo passou
E o pior do grupo
Já percebeu que passar e repassar
As lágrimas sob a máquina de arar
Faz crescer um idiota ou um triste imbecil
Dessa antiga criança dissolvida na ilusão
Das infinitas festas. “Eu quero, eu quero, eu quero!”
E vejam quem entra em cena
Os pais, frescos e novos, os heróis de hoje,
Progenitores apressados,
Anafados e felizes por concentrarem o mundo
Mais uma vez em líquidos amnióticos,
Um bebé está a caminho, um pequeno deus risonho
Ouvidos tapados,
Já está, a criança nasceu e a felicidade é pontual,
Enfim, começa a farsa.
Muito depressa, elas engolem, e fungam e emborcam
Litros de soda, rebuçados e açúcar,
Enquanto o Senhor – pelo menos ao Domingo está presente –,
Cavalga a nobre esposa, e o contrário também acontece,
O cansaço é amigo das igualdades frouxas,
E as crianças, querido? E as crianças, querida?
Esparramadas diante dos plasmas
Sorvendo, babadas, imagens sem valor,
Gritam, choramingam e comandam
A tropa parental que se põe logo em sentido
Para acalmar a passarada insolente e risonha
Às vezes traumatizada por antigos males,
Basta escutar no meio do barulho das famílias,
Estas crianças sem piedade têm nomes encantadores,
Heróis do seu tempo, nomes que damos aos nossos caniches,
Crianças de calendário e crianças de Domingo,
Dizemos-lhes bem dos pintores e escritores enfadonhos,
Crianças repetitivas e do “não há azar”,
Crianças entediantes e de longas ausências.
Crianças chatas…
E vem-nos o sorriso.
Melancolia, sentimento de partilha,
Vingança, enfim, mínima,
Sejamos honestos, desejo de liquidação
(“saldos, fim de stock”)
Estupefacção diante das crianças Titanic,
Tristeza por vê-los atrás da falsidade,
Pais tão tolerantes, tão, como dizê-lo…
Vaporosos, voláteis, volúveis,
Munidos de ajudas psíquicas e de argumentos sociais,
Pais frustrados e tristes,
Pais marcados pelo indefinidamente
(correr, levantar, conduzir…),
Pais interessados, ligados, conectados,
Recompostos, abandonados, arruinados, vazios.
Crianças chatas, por toda a parte reconhecíveis:
Nos corredores das lojas, na escola,
Nos comboios, eléctricos e aviões,
Salas de espectáculo e de espera,
Visitas familiares, festas anuais e parques de atracções…
A vossa violenta presença dá-nos às vezes
Vontade de cravar os vossos pais às placas
Com a seguinte inscrição: “Aqui pagamos a pronto”.
Elas cercam-nos perigosamente
E seus caninos brilham
Em dias tristes é quando elas rondam.
Vemo-las a uivar à Lua
Todas as noites reclamam uma parte, um pedacinho da parte
Do que não está à venda: o tempo, a escuta e as respostas claras.
Mas nós não estamos aqui
Para lançar galhos de moral para a fogueira.
Temos lembranças muito vivas dessas crianças
E nós às vezes conhecemos a mágoa desse tempo.
Das novas crianças afogadas entre as vagas
E o açúcar assassino, traçámos aqui
Um retrato fiel, não as vemos
Como monstros em miniatura mas antes como crianças devoradas
Pelo Bicho-Papão, que ontem à noite já encheu
A pança com os exaustos pais.
O Diabo está vivo e anda por perto.
O flautista já nos tinha avisado:
Às vezes basta uma melodia para encaminhar
As crianças fascinadas para as profundas florestas
De onde não vêm mais… olhando à distância
O nosso mundo vazio no qual somos numerosos,
Agitados e infelizes, o coração tão longe do coração
E no bico a palavra que às vezes nos cai
Como um queijo mole no pequeno deserto
De faz de conta que é o nosso país.
CONTRA – ÉDITO
“Lentamente, examino as vossas ruínas.”
Achille Chavée
A publicação dos “Folhetos de cordel” pretende ser uma publicação “efervescente”, que crepita quando consumida… Um sonho com alguns anos: escrever regularmente um texto acerca dos podres do mundo em que vivemos… E de repente, pronto, aparece nos meses de Outono a “Literatura de Cordel” brasileira e a ideia fica clara: um gravador, um texto.
Esta divisão faz avançar o projecto. Primeiro com Jack Keguenne, que me propõe alguns artistas seus conhecidos que aceitaram, também eles, jogar o jogo e de crepitar connosco… Depois vem Pierre Bertrand que associa a sua editora nesta aventura (Couleurs Livres). Obrigado a todos.
Este primeiro número, “As crianças chatas”, impunha-se-me e deu mote: sem provocação, sem insolência gratuita, mas tentando captar o “ar do tempo”, esse que La Fontaine nos descreve tão bem: “Eles não morriam todos mas todos estavam doentes”(Os animais doentes da peste).
Duas vezes por mês lançamos um tema, um escritor, um gravador (e evidentemente que tudo isto por ser no feminino).
Os textos e as gravuras serão colocados na página / site da Associação Traverse e disponível em formato áudio (Podcast). Boa leitura, crepitem e até já!